Volta a Burgos: Remco Evenepoel mostra novamente sua força e assume a liderança geral da volta

Remco Evenepoel (Deceuninck – Quick Step) venceu a primeira etapa da montanha da Volta a Burgos. A cerca de 2 km do final do Picón Blanco, a última escalada do dia com 8,5 km e 8,9% de média, ele apertou o ritmo, conseguiu abrir dos adversários, venceu e é o novo líder da volta.

Como nos últimos anos, a organização da prova colocou a escalada ao Picón Blanco na terceira etapa e o que se viu foi uma guerra do começo ao final, sendo que o belga de 20 anos fez muita força para vencer. E os números não mentem: ele fez o melhor tempo dos últimos anos, mesmo pegando muito vento durante a escalada.

Picón Blanco (8,4 km ; 8,96%, 753 m)
[2020] Remco: 26’23”, VAM 1712 – 5.91 w/kg – 19,10 km/h
[2019] Ivan Sosa: 26’35”, VAM 1700 – 5.87 w/kg – 18,96 km/h
[2018] Lopez | Sosa: 26’29”, VAM 1706 – 5.89 w/kg – 19,03 km/h
[2017] Landa: 26’32”, VAM 1703 – 5.88 w/kg – 19,00 km/h

Pra deixar tudo mais dramático a etapa se tornou um caos logo após a bandeira de largada. Com 4 subidas de categoria 3 antes da escalada do Picón Blanc, uma fuga volumosa se tornou logo após a largada. Edward Theuns (Trek-Segafredo), Nikita Stalnov (Astana), Roger Adrià (Kern Pharma), Francisco Galván (Kern Pharma), Jetse Bol (Burgos-BH), Juan Felipe Osório (Burgos-BH), Juan Felipe Osório (Burgos-BH), o líder da camisa de montanha Gotzon Martín (Euskaltel- Euskadi), além de Márton Dina (Kometa Xstra) e Joel Nicolau (Caja Rural).

A fuga do dia.

Após a segunda montanha eles já tinha 9 min de vantagem e foi a partir daí que a Bora do então líder Félix Großschartner e a Team Ineos, tomaram a frente da prova e começaram a reduzir a liderança.

Tudo ia bem até faltando cerca de 50 quilômetros para final um vento forte e cruzado começou. Logo o pelotão estava despedaçado com a Bora-hansgrohe e Ineos conseguindo formar um reduzido de perseguição à fuga somente com homens das duas equipes, incluindo Großschartner.

Großschartner, com a camisa de líder, ainda tranquilo, no início da etapa.

A presença do líder e de vários ciclistas da Ineos animou o grupo que conseguiu manter uma certa vantagem dos grupos que iam se reconectando na estrada.

A velocidade e vento eram tantos que o bicampeão da prova, o colombiando Ivan Ramiro Sosa, não suportou e acabou sobrando do grupo.

Foram cerca de 10 quilômetros de caos quando, a cerca de 42 quilômetros do final, o grupo do líder foi neutralizado. Parecia pouco, mas o estrago foi feito, Sosa visivelmente havia gastado muita energia, assim como todos que tentaram manter-se a frente. Nos grupos de trás não foi diferente, apesar de alguns pretendentes a vitória geral terem se mantido mais protegidos e guardado energia em um grupo mais numeroso.

Com toda essa atividade, a fuga viu sua grande vantagem cair em alguns quilômetros e com menos de 3 minutos de vantagem eles foram para a última subida antes da escalada final. Era visível a força que todos haviam feito até ali, principalmente Gotzon Martin (Euskaltel – Euskadi), líder de montanha, que conseguiu bons pontos durante a etapa, mas que sobrou antes mesmo de terminar a penúltima subida do dia.

Com o pelotão encostando cada vez mais com a proximidade da escalada final, foi apenas Roger Adria que arriscou manter-se em fuga e tentar o milagre de vencer a etapa. Faltavam ainda mais de dezoito quilômetros para o pé da subida final, mas o jovem espanhol da equipe Kern Pharma, mostrando muita força, conseguiu se distanciar do pelotão antes de começar a escalada do Picón Blanco com uma vantagem de 3’30’’ para o grupo dos favoritos.

Logo no início da escalada Sosa pagou pelo preço da força feita no vento e foi incapaz de seguir junto aos líderes. Assim como Großschartner que também ficou ainda no início da escalada.

Carapaz tentou dar as cartas no início da montanha, mas seu ímpeto foi logo controlado pela Scott-Mitchelton.

A coisa começou a ficar realmente selvagem quando a Mitchelton-Scott colocou Jack Haig para apertar o ritmo deixando todos sob pressão. Entre as vítimas estava Alejandro Valverde que não aguentou o passo imposto pelo australiano e sobrou.

O grupo dos favoritos durante a escalada.

A 2,7 quilômetros, depois do trabalho da Scott, Chaves partiu, mas George Bennett (Jumbo-Visma) e Remco Evenepoel (Deceuninck – Quick Step) logo encostaram. O colombiano tentou se afastar novamente, mas Evenepoel e Bennett conseguiram reconectar justamente quando encostavam em Adria, já na parte final da prova. Percebendo a vitória, Evenepoel colocou pressão nos pedais e sentado foi embora fazendo os últimos dois quilômetros sozinho.

Veja o momento do ataque:

Atrás Bennett e Chaves tentavam se manter o mais próximo possível do belga, sendo que Bennett, no último quilômetro conseguiu largar Chaves que acabou perdendo também o terceiro lugar para o espanhol Mikel Landa que fez uma excelente última parte da escalada.

Bennett ainda conseguiu tirar um pouco a diferença, mas Remco venceu solo, com 18 segundos de vantagem para o ciclista da Jumbo que assume a segunda posição geral.

Remco Evenepoel vence a terceira etapa da Volta a Burgos.

Veja o metros finais da vitória de Remco Evenepoel:

Mikel Landa está agora em terceiro a 32’’ do líder. Depois dele seguem Chaves, João Almeida, Carapaz e Hermans com diferença de menos de um minuto para Remco.

O português João Almeida de 21 anos tem sido o principal gregário de Remco. Hoje ele terminou em quinto a frente de muita gente importante, como Carapaz, Aru e Bala.

Os maiores perdedores da etapa foram Valverde que perdeu 2’09’’, Gaudu 5’43’’e Majka 6’15’’. Sosa e o espanhol Enric Mas, chegaram a mais de 7 minutos do vencedor da etapa.

Resultados

Amanhã uma etapa que promete ser mais calma, se não bater nenhum tornado no pelotão, e no sábado mais uma etapa de montanha finaliza a volta.