Nome comum entre os gregários da fortíssima equipe que a Sky leva todos os anos para brigar pelo título no Tour de France, Michal Kwiatkowski é um daqueles caras que tem um talento quase sobrenatural. Este ano, só pra se ter uma ideia, ele já coleciona títulos em diversas voltas ciclísticas, vitórias em cronos, etapas de montanha e muito mais, mas será que a Vuelta é muito pra ele?
Ao olhar a temporada de “Kwiato”, que ficou seu apelido após muitos colegas de equipe terem dificuldade para memorizar seu sobrenome polonês, é possível constatar que ele vem de um primeiro semestre muito forte, no qual venceu a Volta ao Algarve em Portugal e a disputadíssima Tirreno-Adriatico na Itália. Ele ainda vestiu a camisa de líder no duro Critérium du Dauphiné e venceu a prova de estrada do campeonato nacional na Polônia, retomando a camisa de campeão que já havia sido sua em 2013, isso considerando apenas o primeiro semestre (até junho/18)!
O grande impacto que Kwiato tem feito, desde que chegou para trabalhar na Sky, tem sido sua atuação no Tour de France, um exemplo de gregário que leva o pelotão nas etapas mais duras, atravessando montanhas e vales, como se diz na gíria do ciclismo “até a morte”, tamanho é o esforço que Kwiato faz para manter o líder da Sky protegido. Ele foi vital na vitória de Chris Froome em 2017 e de Geraint Thomas em 2018.
Considerando a diminuição no número de participantes de cada equipe nos Grand Tours, caindo de 9 para 8, é natural que as equipes escolham gregários que possam andar bem no plano e também que sejam fortes para trabalhar nas montanhas. Kwiato caiu como uma luva para a Sky, mostrando uma capacidade natural para ficar longos períodos de tempo matando as fugas e evitando deixar o líder da equipe se desgastar, ele tem feito algo como poucos nas últimas décadas. Talvez, talvez, o trabalho que Kwiato desempenha seja similar ao que fazia Geraint Thomas paras Chris Froome, e poucos imaginavam que um dia Thomas poderia vencer uma Volta da França.
Antes de alinhar para a Vuelta, entretanto, Kwiato participou do Tour da Polônia, vencendo com autoridade sobre alguns de seus adversários que estão na Vuelta e mostrando que pode muito mais, o céu é o limite! Todavia, o corpo humano pode dar sinais de cansaço em um atleta que já andou tão forte, como ele, até aqui nesta temporada. Emendar Tour e Vuelta é algo bastante complicado em termos de fisiologia do exercício, ainda mais colocando um Tour da Polônia no meio, algo surreal!
Ao ser questionado sobre o cansaço que pode surpreendê-lo na Vuelta, principalmente na terceira semana, Kwiato foi sincero: “não sei como meu corpo vai se comportar na terceira semana, teremos muitas montanhas, mas acredito que descansei bastante ao sair direto da Polônia e indo para o Training Camp de altitude da equipe. Passei alguns dias descansando na altitude e retomei os treinamentos para a Vuelta na sequência com todo suporte da comissão técnica, sinto que tem dado certo”, afirmou Kwiato.
Se a fadiga virá cedo ou tarde, é fato que o polonês quer chegar forte no mundial, que será na Áustria e lembra bastante aquele de Ponferrada, na Espanha, em que ele venceu escapado em 2014. Talvez gastar todas as baterias na Vuelta seja algo que somente será executado se houver a chance de trazer um grande resultado, como um pódio ou algo do tipo. É provável que veremos muitos ciclistas da Sky ao ataque nessa Vuelta, que promete ser uma competição aberta e cheia de surpresas!
🎥 Highlights 🎥
Catch up on an exciting finale on Stage 3 of the Vuelta a España as @quickstepteam‘s @eliaviviani sprinted to victory and @TeamSky‘s @kwiato retained the overall lead.#LaVuelta18 #VelonLive pic.twitter.com/ytKWdL6MfG
— Velon CC (@VelonCC) 27 de agosto de 2018