É a maior e mais antiga corrida de Gravel do MUNDO. É a clássica das clássicas. Ela surgiu lá em 2006, quase antes da própria concepção do Gravel em si, sob a alcunha de Dirty Kanza e contou com menos de 40 atletas. Considerando todas as modalidades de ciclismo, ela é a maior prova de ciclismo dos Estados Unidos.
Nessa época a modalidade estava aos poucos conquistando os fãs do endurance, os organizadores perceberam que a região de Flint Hills, nome que remete ao desenho Os Flinstones, dada devido ao tipo de pedra pontiagudas e vilã dos pneus, que cobre a região do município de Emporia no Kansas, era propícia para a pratica e lançaram a corrida de 200 milhas (325km).
O Gravel foi se difundindo no EUA e ao redor do mundo e a prova começou a ganhar fama e receber mais atletas.
Em 2013 foram acrescentadas novas distâncias, para atrair um número maior de competidores, como aqueles que gostariam de se aventurar mas se intimidavam pela distância. Surgindo assim a prova Júnior (25mi), Unbound 25mi (40km), 50mi (80km), 100mi (160km).
E dado o sucesso da corrida, em 2018, quando já contava com cerca de 2500 inscritos de 38 países do mundo, estrearam a Unbound XL num percurso de 360mi (560km).
O arquivo GPS disponibilizado pela organização indica 330km de percurso, sendo 15km com pavimentação e 315km de puro gravel. O percurso conta com um desnível positivo de 2781m. O trajeto conta com dois pontos de Oasis de Água, que são pontos de hidratação, e como o nome diz, possuem apenas água.
Membros de apoio são permitidos apenas nos 2 checkpoints (79mi e 167mi). Corredores podem se ajudar entre si e nos pontos de checkpoints você pode comprar snacks! Caso você não tenha um staff para você, a organização sugere a contratação de alguma pessoa ou empresa que faça esse serviço, dessa forma você pode deixar alguns itens para resgatar nos determinados kilometros.
Você pode conferir um pouco mais do trajeto clicando AQUI
O mundo gravel têm chamado muita atenção de profissionais da estrada, ativos ou aposentados, em 2022 por exemplo entre os 50 primeiros da edição anterior encontramos: Ian Boswell, Laurens Ten Dan, Peter Stetina, Thomas Dekker e Nathan Haas. Peter Sagan também deu as caras por lá, mas fez ‘apenas’ 100 milhas. Este ano no startlist temos por exemplo: Alex Howes, Lachlan Morton, Connor Dunne, Larry Warbase, Jan Bakelants, além dos que fizeram em 2022 e irão repetir a dose.
O maior vencedor das 200 milhas da prova é Dan Hughes, com 4 títulos e também podemos ver alguns ex-pro (ou em atividade) na lista como Ted King, Matt Stephens e Ian Boswell. Na feminina a maior vencedora é Rebecca Rusch.
A organização disponibiliza um checklist de itens divididas em 3 opções:
“must” – indicam itens que você precisa ter
“should” – são itens que são muitíssimo recomendados para você não ficar na mão no meio da prova
“want” – são itens que podem ser vistos como um pouco de ‘luxo’, mas que também são muito recomendados.
Se você é fã de Gravel e ficou curioso, os valores da inscrição de acordo com cada distância são os seguintes (em dólar):
XL: $250
200: $290
100: $190
50: $80
25: $40
Para trazer uma maior imersão no que representa essa prova, trouxemos as experiências de dois brasileiros que vivenciaram isso de perto. Ulisses Abbud, ex ciclista profissional, hoje é treinador com especialização em Fisiologia do Esporte, já fez a prova 2x como atleta e esse ano participará como Crew Member para 10 atletas. E Marcella Toldi é atleta profissional de MTB Marathon e Treinadora, participou da prova em 2019.
Ulisses Abbud
O terreno é realmente complicado, e o furo de pneu é uma regra e não uma exceção. É uma prova que o seu mental deve estar até mais preparado que o físico, já que você precisa lidar com o estresse o tempo todo: muito tempo no selim, furos, quedas e diversos outros problemas. A prova sempre te leva ao limite testando sua nutrição, sua preparação e sua cabeça. Você precisa estar bem treinado mental, fisicamente e nutricionalmente, você precisa ter a experiência do Gravel. É uma experiência única que as duas rodas podem proporcionar aos interessados pelo Universo Gravel.
Fiz 2x as 200 milhas, em 2021 tive uma série de reveses, tive uma queda, tentei abandonar, mas acabei continuando por incentivo de um amigo brasileiro. Em 2022 fui bem melhor, apesar de ter 5 furos de pneu, terminei em cerca de 11h15min.
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Marcella Toldi
Fiz a prova em 2019 e não tinha ideia do que esperar na prova, fui meio de paraquedas com uma bicicleta emprestada de alumínio. Não sabia o que esperar, o gravel era algo novo para mim. Fiz uma largada num grupo forte e dei uma quebrada aproximadamente no meio da prova. Como eu não tinha muita noção do que esperar dei uma pecada principalmente na questão de reposição energética, levei muito gel, balinha de goma, hidratação com carboidrato e similares e acabei sentindo falta de sanduíches ou algo mais comestível, pois a prova te exige muito. É uma prova pra ir curtir e viver a experiência.
Pra mim como atleta e coach, não gosto desta distância pois você trabalha poucas vias energéticas, é um estímulo muito aeróbico e destrói muito ligamento, articulação, é algo que te leva muito ao limite e pode deixar de ser saudável.
Mas amei como experiência, é lindo, é emocionante, apesar de ser super difícil e você acabar super destruído. Pois no final tem uma multidão te esperando, a cidade fica em festa, como uma quermesse, isso traz muita emoção. É uma experiência pra ao menos uma vez na vida pra quem gosta de endurance e grandes desafios.
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