Quem são os principais colombianos no Tour de France

Análise dos Ciclistas desta parte do mundo na disputa pela Classificação Geral.

Por John M. Arenas-Toledo, adaptação Digital Cycling.

Prestes a iniciar mais um Tour de France, temos, a priori, um grupo de favoritos de 3 lugares do mundo que disputarão a vitória geral e também do pódio, em Paris. Temos, pela  anfitriã França, Pinot e Alaphillipe, pela Colômbia, Egan Bernal, Nairo Quintana, e pela Eslovênia, Roglič e Pogačar. Claro que temos ainda ciclistas de várias outras nacionalidades, como Dumolin, Landa, Buchmann (apenas para citar alguns) que poderão figurar na disputa, mas, os citados anteriormente, possuem um favoritismo maior.

O texto tratará de analisar os colombianos, que são a maioria dos latino-americanos na prova. Os colombianos estarão em 10 no total entre líderes e gregários, mas temos também um equatoriano (Richard Carapaz) e um costa riquenho (Andrey Amador) fechando a “armada latina” que nos representa.

Richard Carapaz.

Os colombianos serão líderes em 4 equipes participantes: Ineos, Education First, Astana e Arkéa-Samsic. Também dividirão a liderança como é o caso de Esteban Chaves da Michelton-Scott.

Analisando os principais colombianos

EGAN BERNAL

Egan Bernal.

Atual campeão do Tour e principal líder da equipe INEOS. Egan Bernal teve uma preparação forte depois de fazer uma pausa durante a pandemia. Os que acompanham o Strava do jovem corredor, sabem dos famosos “Apocalipsis” de 6 a 7 horas nas montanhas Andinas no entorno da sua cidade natal Zipaquirá. Na volta pós-“lockdown”, participou da Route d’Occitanie sendo o vencedor. Logo depois participou do Tour de L’ain ocupando o segundo lugar e, finalmente, encerrando sua preparação, iniciou o Criteríum du Dauphiné prova na qual retirou-se, na quarta etapa, por dor nas costas, segundo informou seu colega de esquadra, Geraint Thomas.

Com a lista final de 8 corredores sem o Froome e o Thomas, Egan tem, pela primeira vez, o peso quase total de liderança na disputa do Tour. Mas não está sozinho, Brailsford, diretor geral da equipe, escalou o equatoriano Richard Carapaz, que estava escalado para disputar o Giro, para fazer parte da equipe e, talvez, ser o principal apoio de Egan. O equatoriano ainda precisa de alguns dias pela frente, já que sua preparação era para Giro, mas demonstrou boas pernas no Tour da Polônia. No entanto, pode ser uma alternativa de opção de líder, mais ainda se as dores de costas de Egan voltarem de forma crônica. Nas apostas, Egan é segundo favorito atrás do ciclista da Jumbo, Primoz Roglič, e, sem dúvida, muitos esperam uma grande disputa entre eles e suas equipes, a Ineos e a Jumbo-Visma.

No meu ponto de vista, o percurso deste ano, apesar de ter muita montanha, não teremos as etapas de altas montanhas dos Alpes, com grandes elevações, que dariam maior vantagem ao ciclista colombiano. A disputa dessa edição do Tour será marcada por subidas mais curtas e íngremes, devendo ser mais apertada, tornando a saúde física, o estado de forma e a sorte fatores que poderão  definir quem se dará melhor nas 3 semanas da grande volta.

Tour de France 2020: Análise das etapas e favoritos 

NAIRO QUINTANA

Nairo Quintana.

O experiente corredor Boyacense (Boyacá: cidade de nascimento de Quintana) chega neste Tour com as energias renovadas e uma aura diferente na sua nova equipe que, por momentos, nos faz lembrar do Nairo de um cinco anos atrás.

No início da temporada seu estado de forma era um dos melhores entre os corredores do World Tour que disputam as Grandes Voltas, se deu ao “luxo” de fazer pódio no contra-relógio do campeonato da estrada Colombiano e de ganhar com facilidade muitas das provas que disputou na Europa até o início de março.

Até que começou a pandemia e, treinando na Colômbia, foi atropelado e acabou sofrendo alguns problemas físicos, especialmente uma lesão no joelho que parece carregar até hoje e que, segundo o ciclista, foi o motivo que o obrigaram a abandonar a última etapa do Critérium Dauphiné. Mesmo com essa condição não ideal, ele fez terceiro no Tour de L’ain atrás de Roglič e Bernal.

Nairo, se voltar ao nível que vimos antes da pandemia e que nos lembrou a sua melhor versão, dos anos de 2013/2015, será um sério candidato a brigar pelo pódio em Paris, ainda mais, que o percurso dessa edição, trás comente um contra-relógio e que termina em escalada, o que, talvez, não o prejudique tanto.

Em meio a briga Ineos/Jumbo, Nairo pode ser uma surpresa, ele terá o apoio de bons companheiros de equipe como Warren Barguil e Diego Rosa, assim como de seu irmão Dayer Quintana e de seu eterno gregário, Winner Anacona. Estes dois últimos não vem mostrado muito e os fans de Nairo os tem criticado bastante já que apareceram pouco nas provas disputadas até aqui, deixando Nairo sozinho nas escaladas finais.

Esperamos que seus gregários possam estar bem e que Nairo Quintana possa nos surpreender gratamente neste Tour 2020.

RIGOBERTO URÁN, SERGÍO HIGUITA e DANIEL MARTÍNEZ

Martínez, Higuita e Urán

O tridente da equipe americana, Education First, deve lugar por um top 5 a top 10, mas podem surpreender.

Rigo (Rigoberto Urán) vem de uma situação muito similar a de Chris Froome. Ele teve uma séria queda na sexta etapa da Vuelta a España 2019, sofreu inúmeras fraturas chegando a considerar a aposentadoria. Vem se recuperando e voltou a competir no Critérium Dauphiné que utilizou como preparação. Rigo é uma incógnita e pode ser que termine ajudando seus dois jovens conterrâneos,  Sergio Higuita e Daniel Martínez.

Higuita tem tido uma temporada estupenda, campeão nacional colombiano de estrada e vencedor do Tour Colombia, além de um 8° lugar na Paris-Nice deste ano. Será o seu debute no Tour de France aos 23 anos e sua segunda Grande Volta depois de participar da Vuelta a Espanha 2019 onde venceu uma etapa e terminou no top 15. Após o Lockdown começou com bons brios na Dauphiné, mas uma forte queda na segunda etapa diminuiu muito seu protagonismo e, a partir daí, se dedicou a se manter na prova utilizando-a como parte final de seu treinamento. Higuita tem um perfil polivalente se adapta bem em provas de um dia como nas provas de três semanas, tem um bom sprint apesar de seu perfil de escalador.

O terceiro integrante desse tridente é o recente Campeão da Dauphiné, Dani Martínez, de 24 anos. Martínez tem tido o melhor ano de sua curta carreira esportiva, foi campeão Colombiano da CRI, terceiro lugar na estrada e segundo lugar no Tour Colombia 2.1, além de vitória no Critérium Dalphiné. Ano passado foi terceiro no Tour da Califórnia e ganhou uma etapa na Paris-Nice. Dado sua boa forma e o percurso deste ano do Tour, podemos esperar novas surpresas do jovem corredor, um top 5 está dentro das possibilidades assim como para Sergio Higuita, caso esse último consiga recuperar sua forma do começo do ano.

MIGUEL ÁNGEL “Superman” LÓPEZ

Superman López.

Depois de ser pódio do Giro e da Vuelta, Superman vai debutar este ano no Tour de France. Em 2020 foi 3° na Volta de Algarve, participou da Route d’Occitanie e do Mont Ventoux como preparação, sendo mais um apoio para o companheiro de equipe, o russo Aleksandr Vlasov.

Sua última competição foi o Critérium Dalphiné, onde, na última etapa, chegou com opções de pódio. Mostrou alguma forma, sendo um dos mais ativos na subida final, mas se notou que ainda está com a forma abaixo das de seus adversários; no entanto, terminou em 5° lugar, o que não é mal resultado.

Superman parece estar evoluindo sua forma aos poucos e contará com uma ótima equipe para apoia-lo que inclui o recente campeão espanhol de estrada, Luis León Sanchéz.

Superman é um ciclista agressivo que ataca sempre que pode, muitas vezes sem medir o que, as vezes, o faz pagar um alto preço pelo esforço no final. Mas para quem gosta de ciclismo de ataque, sabemos que dele sempre podemos esperar entrega. Conhecendo o Superman o vejo em um top 5, mas ele pode, sim, disputar o pódio dependendo do andamento e das opções de prova.

A equipe que irá apoia-lo, além dos experimentados Sanchéz, Lutsenko, Fraile e os irmãos Izaguirre, contará com um conterrâneo de 23 anos chamado HAROLD TEJADA. Tejada fará o seu debute em provas de 3 semanas. Em 2020 ele tem sido um excelente gregário, sendo o último a apoiar seus respectivos líderes. Foi 2° na classificação de montanha da Route d’Occitanie e trabalhou de maneira magistral para Vlasov no Mont Ventoux impondo um forte passo que acabou selecionando o grupo antes do ataque do russo e ainda terminando em sexto. Igualmente esteve na Il Lombardia e principalmente no Giro da Emilia trabalhando forte para o Fulgsang e o vencedor Vlasov. Ano passado estava no Team Medellin, na Colômbia, e um ano depois já estará participando do Tour de France em uma das grandes equipes do World Tour. Fiquem de olho nesse garoto porque ele pode dar muito o que falar no futuro.

ESTEBAN CHAVES

Esteban Chavez.

Finalmente vamos falar do Chavito. Reconhecido pela alegria, o ciclista nascido em Bogotá, já foi pódio no Giro e na Vuelta e chega nesse Tour dividindo a liderança da equipe Mitchelton-Scott junto com o britânico Adam Yates (contratado pela INEOS para a próxima temporada). Segundo Chavito, é uma dupla para “estar na frente e ser protagonista”.

No meu entender Chavito pode ter o objetivo de uma camisa de montanha e vencer algumas etapas, mais que um lugar no top 10, mas essas respostas começarão a ser respondidas somente após a primeira semana do Tour.

Esses são os principais ciclistas latino-americanos no maior evento do ciclismo mundial. Estamos bem representados? Será que conseguirão fazer frente aos europeus nesta disputa do Tour? Quais deles são seus favoritos?

Texto Orginal (somente membros)