Estamos fora das disputas no ciclismo de estrada depois de 36 anos, tanto no masculino, quanto no feminino.
O Brasil não conseguiu uma das 11 vagas do masculino e 6 no feminino que foram disponibilizadas para America do Sul e Central. Países como Guatemala, Panamá e Peru conquistaram vaga, o que evidencia o grande problema político e estrutural que estamos enfrentando e que acaba ocasionando a total falta de incentivo ao esporte que atualmente não possui nenhum representante nas equipes do World Tour.
O último brasileiro que participou de uma equipe World Tour foi o catarinense Murilo Fischer, que se aposentou, logo depois das Olímpicos do Rio, em 2016. Murilo correu na elite mundial desde 2009, sendo que finalizou a carreira depois de 4 anos de contrato com a equipe francesa FDJ.
Os grandes resultados nacionais aconteceram no início da década de 1990 com Mauro Ribeiro que obteve nossa maior conquista ao vencer uma etapa do Tour de France em 1991 e, depois, nas décadas subsequentes, com vitórias de Luciano Pagliarini e Murilo Fischer. Durante esse período o Brasil sempre esteve presente nas provas de estrada das Olimpíadas.
Atualmente, temos alguns brasileiros correndo em equipes europeias, sendo o ribeirão-pretano, Nícolas Sessler, que atualmente corre pela equipe Pró Continental espanhola Burgos-BH, o nosso principal nome.
Com a dificuldade de conseguir uma vaga em uma equipe europeia, nossos atletas lutam no ciclismo nacional que está em queda livre envolto em escândalos de doping.
Atualmente, nenhuma prova que dê pontos para o ranking mundial é disputada no Brasil sendo que, há poucos anos, tínhamos voltas de 1 semana em São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Rio de Janeiro, que pontuavam e elevavam o nível dos atletas com a presença de equipes estrangeiras.
O início da baixa do ciclismo nacional coincidiu com a última prova de nível internacional disputada no Brasil, a prova de estrada do Rio. Nela Kleber Ramos, atleta da Funvic, foi pego no exame antidoping, foi o primeiro de uma série de outros casos de doping envolvendo atletas da equipe. O número e a sequência de casos culminou na cassação da licença Pró Continental e na perda de seu principal patrocinador: o Carrefour.
A Funvic foi só a vitrine do problema. Há uma grande lista de atletas das diversas modalidade do ciclismo suspensos no Brasil. Isso deixa claro que a cultura do doping é algo a ser combatido com mais vigor, se queremos que grandes patrocinadores voltem a acreditar no esporte.
Em setembro de 2019, o jornal Lance fez uma matéria em que eram contabilizados 33 ciclistas suspensos.
Veja aqui a última lista de atletas suspensos em definitivo por violação as regras Antidoping. (Atualizada em 18.11.2019).
Foi devido a uma suspensão que perdemos a vaga na prova feminina das Olimpíadas de 2020, apesar de todos os esforços da Memorial Santos, como nos contou o diretor técnico da equipe, Arthur Rogélius, em entrevista, no inicio de outubro. Nossa principal atleta, Flávia Oliveira (sétima colocada no Rio) voltou de suspensão em julho de 2019 e não pôde participar de mais provas que a fizessem somar os pontos necessários para conseguir a vaga.
Assim, vamos levando o ciclismo de estrada para longe de onde mais gostaríamos que estivesse, entre os melhores do mundo.
Veja aqui a lista de vagas e quais os países levarão atletas para os Jogos Olímpicos de Tóquio: