Poucos poderiam imaginar que o belga Philippe Gilbert ainda poderia vencer uma Paris-Roubaix, considerada a clássica mais difícil do mundo. O ciclista da equipe QuickStep fez, ao lado de seus companheiros de equipe, uma prova impecável e agora escreve seu nome em mais um monumento do ciclismo.
A segunda colocação ficou com o fortíssimo alemão Nils Politt (Katusha), que tem feito uma bela temporada de clássicas. Em terceiro outro belga, com a camisa de campeão nacional, Yves Lampaert, companheiro de Gilbert.
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Como tudo aconteceu?
A prova teve largada no Palais Impérial in Compiègne, nas proximidades de Paris, com o ciclista Fernando Gaviria (UAE) sendo um dos que não largaram, devido à febre. A largada foi tranquila e o público prestigiou os ciclistas na tradicional cerimônia da prova.
O vento frontal nos primeiros quilômetros fez com que uma infinidade de ataques acontecessem e no final os escapados eram, um a um, engolidos novamente pelo pelotão. Foi assim durante mais de 100km. Um ataque sem sucesso em cima de outro.
A coisa só mudou de figura no primeiro setor de pavé, quando uma grande fuga se formou e que já contava com alguns dos ciclistas que brigariam pela vitória: Yves Lampaert e Nils Politt.
O segundo trecho de pavé foi nomeado com o nome de Michael Goulaerts, que morreu na Paris-Roubaix de 2018. Naquele trecho, Alexander Kristoff (UAE), André Greipel (Arkea-Samsic), Edvald Boasson-Hagen (Dimension Data) e outros ciclistas furaram. O caos começou a tomar conta do pelotão que era liderado pela Sky e pela Bora. A fuga com 20 ciclistas tinha apenas 50 segundos de vantagem.
A cada setor de pavé a tensão tomava conta do pelotão, com as grandes equipes embalando seus líderes a 60km/h antes de entrar em cada trecho. Kristoff furou novamente antes da floresta de Arenberg e Sagan perdeu seu fiel gregário Daniel Oss devido à uma dura queda.
Com todo esse caos, o pelotão foi quebrado em duas partes em um instante da corrida, com Sagan, Benoot e Naesen ficando no segundo grupo, o qual perseguia o primeiro com GVA, Gilbert, entre outros.
Após a reconexão entre os dois grupos, vários ataques aconteceram. Sagan viu a chance de atacar e foi embora, levando Wout Van Aert (Jumbo-Visma), Yves Lampaert (Deceuninck-Quick Step) e Sep Vanmarcke (EF Education First) com ele. Eles encontraram Politt e Gilbert que haviam escapado antes, e um grupo de elite se formou!
Alguns quilômetros a organização dos 6 acabou quando a dupla da Quick-Step começou a trabalhar. Lampaert acelerava, Gilbert atacava, quando alguém buscava, mais uma vez Lampaert assumiu o papel de acelerar o pelotão até que o alemão Nils Politt atacou. Philippe Gilbert que já havia tentado várias investidas sempre bem marcado por Sagan, deixou-o ir por algum tempo e, ao perceber que não havia reação, saltou no alemão e assim foi formada a fuga final para a vitória! Gilbert venceu o sprint de maneira convincente.
Politt se mostra um dos novos talentos dessa geração nas clássicas e Gilbert se consagra com a vitória de mais um monumento. Ele já havia vencido outros monumentos como o Tour de Flanders, Giro di Lombardia e Liege-Bastogne-Liege. Só falta a Milan San Remo para fechar sua coleção!
Um detalhe curioso do top 10 foi que o ciclista lituano Edvaldas Siskevicius (Delko Marseille Provence) que havia terminado a prova mais de uma hora após o vencedor de 2017, Peter Sagan, conseguiu terminar em nono lugar esse ano, um feito bastante importante para o lituano, ainda mais em uma pequena equipe como a Delko. Que evolução!