No próximo sábado, dia 17 de Março, acontece a 109ª edição da primeira Clássica Monumento da temporada, A Milão-Sanremo, ou, em itáliano, Milan-Sanremo.
Com 291 km a Milan-Sanremo é a maior clássica do calendário. Esse ano, com a diminuição de 8 para 7 ciclistas por equipe, teremos 175 atletas participando, didividos entre 18 equipe World Tour e mais sete equipes convidadas (Bardiani, Cofidis, Gazprom-RusVelo, Israel Cycling Academy, Nippo-Vini Fantini, Novo Nordisk e Wilier Triestina). A largada será em Milão por volta das 10h (horário local) e chegada entre 17h-18h (horário local). As previsões meteorológicas apontam possibilidade de chuva durante a prova e uma temperatura média em torno de 7 a 10 graus.
As clássicas monumento são provas de um dia com quilometragem maior do que 200 km, cada uma com suas particularidades (frio, lama, pedras, subidas curtas e íngremes) e que acontecem em países que tem verdadeira devoção pelo ciclismo, como Bélgica, França e Itália. O nome “monumento” é dado a essas clássicas devido a sua história e grande prestígio. Essas provas tiveram pouca alteração de percurso ao longo dos anos e são reverenciados pelos moradores das regiões por onde passam.
São 5 as clássicas monumento:
Milan-São Remo: Disputada na Itália, a primeira edição da prova aconteceu em 1907. É a mais longa clássica do mundo com quilometragem em torno de 290Km. Até hoje foram disputadas 107 edições, o primeiro vencedor foi o francês Lucien Petit Breton. Saiba mais sobre a prova: http://www.milanosanremo.it/
Tour de Flandres (De Ronde van Vlaanderen): Disputada na Bélgica, a primeira edição aconteceu em 1913. É conhecida pelas suas subidas duras e curtas (chamados muros). Até hoje foram disputadas 100 edições, o primeiro vencedor foi o belga Paul Deman. Saiba mais sobre a prova: http://www.flandersclassics.be/nl
Paris-Roubaix: Disputada na França, a primeira edição ocorreu em 1896. É conhecida pelos trechos de paralelepípedos. Até hoje foram disputadas 114 edições, o primeiro vencedor foi o alemão Josef Fischer. Saiba mais sobre a prova: http://www.letour.fr/paris-roubaix/
Liège-Bastogne-Liège: Disputada na Bélgica, é a mais antiga das clássicas monumentos, sua primeira edição foi em 1892 e até hoje tivemos 102 edições. O primeiro vencedor foi o belga Léon Houa. Saiba mais sobre a prova: http://www.letour.fr/liege-bastogne-liege-femmes/
Giro da Lombardia (Giro di Lombardia): Disputada na Itália, a primeira edição foi em 1905. Foram disputadas, até hoje, 110 edições. O primeiro vencedor foi o italiano Giovanni Gerbi. Saiba mais sobre a prova: http://www.ilombardia.it/
Haverá transmissão de boa parte da prova, mas os grandes acontecimentos se concentram nos últimos 50 quilômetros. Veja no final da matéria os links para assistir online.
Percurso
A Milan-Sanremo, como o próprio nome diz liga as duas cidades italianas, porém algumas alterações foram feitas nas últimas décadas para tornar a prova mais disputada. Entre elas estão as duas escaladas que realmente podem mudar a história da prova: a Cipressa (inserida em 1982) e o Poggio di Sanremo (inserido em 1961). O Cipressa está a cerca de 20 quilômetros do final e possui 5,6 km com 4,1% de média, com uma descida muito técnica depois dela. E a 9 km do final temos o início da escalada do Poggio di Sanremo (3,7 km, com 4% de média e 8% de máxima). A descida também é muito técnica depois do Poggio, facilitando para uma provável fuga abrir distância do pelotão antes de entrar nos últimos 3 quilômetros que são praticamente planos.
Pela primeira vez a UCI utilizará um juíz de vídeo que acompanhará a prova de um caminhão repleto de monitores conectados a RAI (rede de TV italiana que transmitirá a prova). Esse juíz acompanhará a prova e analisará, em tempo real, todas as situações da prova, desde má conduta até mudanças de bicicleta suspeitas.
Favoritos
Esse ano, como não poderia deixar de ser o tricampeão do mundo é franco favorito. Peter Sagan vem forte e deve ter aprendido muito com a chegada do ano passado. Greg Van Avermaet não teve o inicio de ano que gostaria, mas treinou muito e tem as clássicas os seus maiores desafios no ano. Outro que vira forte é o belga Philippe Gilbert que será um dos capitães, juntamente com Alaphilippe, da Quick-Step-Floors, umas das melhores equipes nas clásssicas.
Entre os velocistas teremos a presença do italiano Elivia Viviani e do alemão Marcel Kittel que faz sua estréia na prova. Para esses resta rezar para que consigam estar no grupo depois da Cipressa e, principalmente, do Poggio. Se por lá estiverem, olho neles.
Enfim, além deles temos todos os que já conquistaram vitória na prova e estarão na linha de largada no sábado: Mark Cavendish (2009), Simon Gerrans (2012), Alexander Kristoff (2014), John Degenkolb (2015), Arnaud Démare (2016) e Michal Kwiatkowski (2017).
Esses são os principais favoritos, no entanto, a história da prova mostra que muitos ciclistas que não aparecem com grande probabilidade costumam aparecer. Portanto, não podemos deixar de lembrar de Gianni Moscon, Vincenzo Nibali, Sonny Colbrelli, Matteo Trentin, Fabio Felline, entre outros.
Por outro lado algumas ausências serão sentidas, as principais serão a do alemão vencedor da Milan-Sanremo 2015, John Degenkolb, do colombiano Fernando Gaviria, e Nasser Bouhanni (Cofidis).
Veja o startlist completo aqui.
Veja como foi a prova do ano passado: Milan – San Remo 2017: Sagan faz tudo, mas não leva. Kwiatkowski vence
História recente
Em 2013, o tempo acabou sendo protagonista da prova e, devido às baixas temperaturas, inclusive com neve, os organizadores tiveram que mudar o percurso, encurtando o trajeto em 46 Km. A situação foi tão critica que algo bizarro aconteceu: em certo momento da prova os ciclistas tiveram que parar, entrar nos ônibus das equipes, fazer um trecho da prova dentro deles e depois, em um ponto pré-determinado, pararam para a re-largada debaixo de muita chuva.
Muitos ciclistas, incluindo o favorito da prova Tom Boonen, decidiram abandonar e somente 63 ciclistas dos mais de 200 que largaram terminaram a prova.
Nesse ano, após o Poggio, um grupo se formou com Sagan, Cancellara, Sylvain Chavanel, Ian Stannard, Luca Paolini e o menos conhecido Gerald Ciolek. Eles abriram vantagem sobre o pelotão e vieram para decisão no sprint. Entre tantas cobras a vitória ficou com o alemão Ciolek que corria pela equipe sulafricana MTN – Qhubeka.
Gerald Ciolek ganhou destaque quando venceu o título nacional de estrada alemão em 2004, quando tinha apenas 19 anos. Após vencer a Milan-Sanremo 2013 teve apenas outras quatro vitórias. Em 2016 se aposentou, com 31 anos.
Uma outra grande vitória que é preciso lembrar foi a última vitória solo. Sagan tentou isso ano passado, mas não conseguiu se livrar dos dois perseguidores. O último a conseguir tal feito foi Fabian Cancellara em 2008. E, por incrível que pareça, seu ataque não aconteceu no Poggio. Faltando 2 quilômetros para o final da prova ele surpreendeu o grupo de cerca de 25 ciclistas, no plano, com um ataque avassalador, terminando 4 segundos antes do grupo que vinha ensandecido atrás dele.
Premiação
A primeira clássica da temporada não tem premiação tão pomposa, são 35 mil euros divididos entre os 3 primeiros:
Primeiro lugar: 20.000 euros
Segundo: 10.000 euros
Terceiro: 5.000 euros
Onde assistir
Trofeo Alfredo Binda
Para completar o final de semana, teremos no domingo, dia 18 de março o Trofeo Alfredo Binda.
A corrida faz parte do calendário Word Tour feminino e leva o nome de Alfredo Binda em homenagem ao primeiro campeão mundial. Alfredo Binda venceu por três vezes a camisa arco-íris, além de vencer as clássicas Il Lombardia (4x) e Milan-Sanremo (2x).
A prova é termina em Cittiglio, local de nascimento de Binda e tem 131 km. O final acontece, após 4 voltas, em um circuito de 17 km.
Veja todas as inscritas no Trofeu Alfredo Binda aqui.