Parecia coisa de cinema, mas a lista da UCI que saiu hoje com novos casos de doping chamou a atenção até mesmo dos mais céticos, que achavam que os casos de 2017 já estavam por terminados. A tradicionalíssima Vuelta a Colômbia, com trajetos duríssimos e considerada a competição mais difícil da América do Sul, apresentou outra estatística impressionante: a de maior número de casos de doping na temporada!
Assim como aconteceu no Brasil, onde há alguns anos atrás a Volta Ciclística Internacional de São Paulo teve um grande número de casos de doping e ano após ano esses casos acabaram enfraquecendo o ciclismo brasileiro, a mesma situação pode acontecer na Colômbia, que vive um período conturbado no ciclismo, com brigas políticas e a falta de atenção com os maiores responsáveis pelo espetáculo, os atletas. A explosão dos casos de doping vem em meio à necessidade dos atletas se profissionalizarem, cegos pela ascensão mirabolante dada pelas substâncias dopantes, que parecem ser o caminho mais curto entre um jovem talentoso se tornar o novo Nairo Quintana ou um Rigoberto Uran.
Entre os casos de doping, a maior quantidade (7 casos) foram para adversidades nas amostras causadas por CERA, um tipo de eritropoietina que aumenta os glóbulos vermelhos no sangue, acelerando a recuperação e aumentando a performance aeróbia. Dentre os ciclistas flagrados nos exames está o atual campeão colombiano sub 23, Róbinson López (Loteria de Boyaca), que já havia assinado contrato para a temporada 2018 com uma equipe europeia e agora terá de ficar 4 anos em casa.
Além de Lopez, Luis Alberto Largo Quintero (Sogamoso-argos-cooservicios-idrs), Edward Fabian Diaz Cardenas (EPM), Jonathan Felipe Paredes Hernandez e Fabio Nelson Montenegro Forero (Ebsa – Indeportes Boyaca), Luis Camargo Flechas (Supergiros), e Oscar Soliz Vilca (Movistar Amateur Team), todos pegos com CERA, em amostras coletadas entre os dias 1 e 2 de agosto de 2017.
Além deles, Juan Carlos Cadena Sastoque (Depormundo-m Bosa-ramguiflex) foi flagrado no exame para anabolizante. Percebe-se que foram ciclistas de várias equipes diferentes, indicando um uso sistemático de substâncias dopantes no ciclismo colombiano, algo que temos visto em vários países e que mostram uma face que poucos querem ver do esporte de alta performance, aquela que mostra o lado egoísta do ser humano, disposto a passar por cima de tudo e de todos para atingir o sucesso.