Froome venceria o Tour de France sem contra-relógio?

Você já imaginou um Tour de France sem contra-relógio? Não? Nós também não. 

A primeira disputa de contra-relógio do Tour de France aconteceu em 1938. Foram 80 km disputados entre a comunidade de La Roche-sur-Yon e a cidade de Nantes. De lá pra cá sempre houve um ou dois contra-relógios por edição. Tirar os contra-relógios seria o mesmo que tirar as montanhas e deixar a disputa somente entre os passistas e sprinters, portanto essa matéria é apenas um exercício hipotético…

É claro que se não houvesse as etapas de contra-relógio, os fatores mudariam e, consequentemente, os resultados. Mas, se considerarmos que todos andassem exatamente como andaram, o Tour de France 2017 teria como o grande campeão o colombiano Rigoberto Uran. Palmas pra ele! 🙂

Rigoberto Uran (Cannondale-Drapac) vencedor da etapa 9 do Tour de France 2017. Foto: Sirotti

Como foram e como seriam os resultados sem contra-relógio

O Tour de France 2017 teve duas disputas de contra-relógio, o primeiro na etapa de abertura, em Düsseldorf, na Alemanha. A etapa teve 14 Km disputados sob chuva leve no meio da cidade e acabou sendo muito criticada. Ocorreram várias quedas e alguns abandonos, sendo a maior perda a de Alejandro Valverde, que caiu em uma das curvas do circuito e acabou batendo nas grades de proteção.

Esse contra-relógio foi vencido por Geraint Thomas (Team Sky), com o tempo de 16min04seg. Froome fez 12 segundos a mais que Thomas e ficou com a sexta colocação. Por sua vez, o colombiano Rigoberto Uran foi apenas o nonagésimo quinto (95), a 1min03seg de Thomas e, portanto, a 51 segundos de Chris Froome.

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Depois dessa primeira etapa, vieram as etapas planas, as etapas de montanhas e, na vigésima etapa, ocorreu o segundo contra-relógio, em Marseille. Dessa vez, uma etapa um pouco mais longa (22,5 Km) e com uma subida curta, mas íngrime, que acabou sendo o diferencial entre quem ainda possuía alguma força e quem já não tinha nada, como foi o caso do francês Romain Bardet. O jovem francês de 26 anos acabou sofrendo muito, perdeu o segundo lugar para Rigoberto Uran e, por apenas um segundo, não perdeu o terceiro para Mikel Landa.

Romain Bardet após finalizar o seu contra-relógio. Desapontamento. Foto: Tim De Waele | TDWsport.com

Mas vamos aos tempos de Froome e Uran no contra-relógio de Marseille: Froome, como era previsto, fez um excelente tempo, terminando em terceiro lugar a 6 segundos do vencedor da etapa, o polonês Maciej Bodnar, que fechou com o tempo de 28min15seg. Uran fez o que disse que teria que fazer: o crono dos sonhos. Mas o crono dos sonhos de Uran não é nada perto de um bom crono de Chris Froome. O colombiano terminou a disputa a 31 segundos do vencedor da etapa e, portanto, a 25 segundos do tempo de Froome.

Somando-se o tempo que Uran tomou nos dois contra-relógios, que diga-se de passagem, não eram longos, temos 76 segundos (51 do primeiro e 25 do segundo), ou seja, 1min16seg de vantagem para o ciclista da Sky.

Resultado: Na classificação geral final do Tour de France, Froome venceu Uran por 54 segundos. Se retirarmos esse 1 minuto e 16 segundos que Froome conquistou nos contra-relógios temos então a vitória do colombiano por 22 segundos.

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Froome seria apenas o terceiro!

Para finalizar, caso não houvesse os contra-relógios, Chris Froome amargaria o terceiro lugar geral do Tour de France. O francês Romain Bardet seria o segundo.

Veja a tabela:

Conclusões

Christopher Froome (Team Sky) durante a disputa do último contra-relógio do Tour de France 2017. Foto: Chris Graythen/Getty Images

Como dissemos no começo da matéria não seria justo retirar a disputa de contra-relógio. A organização do Tour de France já tem colocado uma quilometragem menor para tentar equilibrar as coisas, mas as conclusões que tiramos com isso são:

  • Se não houvesse contra-relógio, Froome teria outras estratégias para vencer.
  • Ciclistas como os colombianos Rigoberto Uran, Nairo Quintana, Esteban Chaves e Miguel Angel Lopes precisam treinar mais contra-relógio ou vão sempre ter que subir muito melhor do que aqueles que sobem bem e tem um bom crono, como é o caso do australiano Richie Porte, do próprio Chris Froome e do holandês Tom Dumoulin, que venceu esse ano o Giro da Itália exatamente por ter um ótimo contra-relógio.
  • Froome é o melhor ciclista de três semanas da atualidade, um monstro goste você dele ou não.