O campeão mundial Peter Sagan (Bora-Hansgrohe) tentou e mostrou mais uma vez ser o atleta mais versátil do pelotão, principalmente para as clássicas. Mas ele não contava que o polonês, ex-campeão do mundo, Michal Kwiatkowski (Sky) estivesse em um dia tão inspirado. Kwiatkowski conseguiu terminar o Poggio com Sagan, bate-lo no sprint e sagrar-se campeão desta importante prova. Outro atleta em grande fase é Julian Alaphilippe (QuickStep) que ficou em terceiro em sua estréia na Milan-San Remo, ele deve dar muito trabalho nas clássicas dos Ardennes.
O pelotão veio aos trancos e barrancos para a chegada e Alexander Kristoff (Katusha) conseguiu apenas o quarto lugar, mas festa mesmo, apenas na terra de Kwiatkowski, a polônia, que começa a mostrar a todos que está trazendo excelentes ciclistas ao nível mais alto do mundo.
Como aconteceu
Depois de muito café deu-se a largada para a 108º edição da Milan-San Remo. Os ciclistas largaram com céu encoberto, mas sem chuva, para os 291 Km, entre eles estavam seis ex-vencedores da prova Arnaud Demare, John Degenkolb, Alexander Kristoff, Mark Cavendish, Filippo Pozzato e Simon Gerrans.
O detentor do recorde de vitórias na Milan-Sanremo é Eddy Merckx, ele venceu 7 edições da corrida (1966, 1967, 1969, 1971, 1972, 1975 e 1976).
Essa semana Greg Van Avermaet comparou o atual campeão do mundo Peter Sagan com Merckx, veja o que ele disse na matéria.
Com pouco mais de 10 quilômetros de prova, uma fuga se formava. Nela ciclistas de várias equipes, incluindo as equipes italianas Androni Giocattoli e Nippo-Vini Fantini que, após perderem os convites para participação do Giro d’Itália, estão sempre ativas nas provas.
A fuga era composta por: Nico Denz (Ag2r La Mondiale), Mattia Frapporti (Androni-Sidermec), Mirko Maestri (Bardiani-CSF), William Clarke, Tom Skujins (Cannondale- Drapac), Ivan Rovny (Gazprom- Rusvelo), Alan Marangoni (Nippo-Fantini) , Umberto Poli (Novo Nordisk), Federico Zurlo (Emirados Árabes Unidos), Julen Amezqueta (Wilier-Selle Italia).
Apesar da organização da fuga revezando e andando forte, ela nunca abriu mais de 5 minutos do pelotão. Equipes como Quick-Step Floors, BORA – hansgrohe, Dimension Data e FDJ, se mantinham na ponta do pelotão não deixando o ritmo cair e quando a corrida realmente começou a acontecer, com menos de 50 quilômetros, ela já estava muito perto, com cerca de 1 min de distância.
A vantagem entre fuga e pelotão variou pouco durante alguns quilômetros e começou a cair rapidamente quando as equipes começaram a trazer os principais favoritos para a vitória da prova pouco antes da entrada da Cipressa (5,6 quilômetros de extensão, com 4.1% de altimetria média), subida onde começam a acontecer os ataques e o pelotão é selecionado.
Várias equipes brigavam para ficar na ponta do pelotão, como a Dimensional Data de Mark Cavendish, e a entrada da Cipressa acabou sendo muito nervosa. Alguns ataques aconteceram o que ocasionou alguns cortes no pelotão, porém nenhum foi além de 5 seg. do pelotão que andava rápido.
Ao chegar na última montanha do dia, chamada de Pogio, a Sky se armou na ponta, e a Giant enviou Tom Dumoulin para colocar um passo forte na esperança de mantar a ordem no pelotão e ajudar Michael Mathews a se manter bem posicionado, tudo parecia correr bem. Quando Dumoulin saiu da ponta, Sagan viu a oportunidade de atacar, e com uma aceleração brutal deixou todos para trás, inclusive Sony Colbreli (Bahrain-Merida) que estava na sua roda mas não conseguiu acompanhá-lo. De repente o caos começou, e foi uma briga entre os ciclistas no pelotão para ver quem conseguia alcançar Sagan.
Apenas Alaphilippe (QuickStep) e Kwiatkowski (Sky) foram capazes da façanha de buscar Sagan, e os três subtamente abriram incríveis 20s do pelotão com a chegada a apenas 3km. Os três seguiram forte até a linha de chegada, com Sagan fazendo a maior parte da força e Kwiatkowski tentando dar aquela “enganada”, o francês mal podia pegar a ponta, o ritmo era insano para um escalador e ele teve a sábia ideia de se proteger.
A estratégia de Kwiatkowski deu certo e ele foi para a chegada com as pernas ainda com um pouco de gás. Ele se aproveitou do sprint longo realizado por Sagan e esperou pacientemente a hora exata para arrancar e conseguir vencer o primeiro monumento da temporada e também o seu primeiro na carreira. Que prova!