Por dois segundos o colombiano Henao venceu o espanhol Alberto Contador na última etapa da PN e tornou-se campeão geral da Volta.
Contador fez o que se esperava dele. Com um percurso curto, com várias subidas, mas terminando descendo, ele precisava atacar cedo e assim tentar tirar os 31 segundos que o separavam do colombiano Henao. O ataque veio na penúltima escalada do dia, mas, apesar de todo esforço nos mais de 50 quilômetros que andou praticamente o tempo todo de cara pro vento, o objetivo acabou não sendo atingindo por uma diferença muito pequena: 2 segundos!
Henao, depois de sobrar de roda em um dos ataques do Pistoleiro, manteve a calma e, contando com a ajuda de seus companheiros de equipe que não deixaram a diferença abrir muito, no final foi inteligente e guerreiro, fazendo o possível e necessário para que a vitória final fosse dele.
A vitória de Sergio Henao na Paris-Nice é sua maior conquista na carreira e é a quinta do Team Sky em seis temporadas. Antes dele venceram a prova Bradley Wiggins (2012), Richie Porte (2013 e 2015) e Geraint Thomas (2016).
“Esta é a maior vitória na minha carreira e conquistá-la assim é simplesmente inacreditável”…
“Foi difícil, sabia que tinha que sofrer até o fim, tinha que fazer isso por mim e pelo ciclismo colombiano”, disse Henao.
Contador também parecia satisfeito com o seu desempenho, mas não tanto com a derrota:
“Por segundos é realmente uma pena, perdemos tempo nos primeiros dias e tivemos que vir tirando o tempo depois, mas assim é o ciclismo. Queria parabenizar ao Henao que venceu e eu estou feliz com meu estado de forma e por minha equipe.”
Ele também falou sobre seu companheiro Jarlinson Pantano:
O Pantano é incrível. Ele não é apenas um companheiro de equipe, é também tem sido um bom amigo. Estamos muito motivados por trabalhar juntos e ele será crucial para mim no Tour de France. Estou muito feliz por tê-lo na equipe e só posso dizer: obrigado, obrigado, obrigado!”, finalizou o Pistoleiro.
Como tudo aconteceu
Com uma etapa curta, apenas 115,5 quilômetros, o ritmo do pelotão era forte desde o início e, como conseqüência, demorou algum tempo para a primeira fuga se formar.
Após várias tentativas, com 90 km para o final, a fuga se formou e incluía, entre outros, Mathias Frank (AG2R La Mondiale), David De la Cruz (Quick-Step Floors), Marc Soler (Movistar), José Herrada (Movistar), Diego Ulissi (EAU Emirates), Thomas De Gendt (Lotto Soudal), Nicolas Edet (Cofidis), Alessandro De Marchi (BMC) e Michael Woods (Cannondale Drapac).
Tentando andar rápido e com um percurso recheado de subidas, a vantagem do grupo da fuga chegou, no máximo, a quatro minutos e com tanta intensidade e ataques, os únicos que sobraram na fuga foram De la Cruz, Petilli e Jeannesson.
A fuga se dissipava e no pelotão, no Côte de Peille, na penultima subida do dia a 52 km da meta, a Trek -Segafredo começou a colocar em prática o plano de tirar a vitória de Sergio Henao. Pantano foi para a ponta e endureceu o ritmo.
A estratégia deu resultado, e logo os adversários começaram a sofrer, Contador foi para a roda de Pantano e os dois obrigaram Henao, Dan Martin, Ilnur Zakarin (Katusha-Alpecin), Ion Izagirre (Bahrain Merida) a os acompanharem. Assim que Pantano perdeu o ritmo Contador manteve a pressão e pouco a pouco viu os adversários sobrando. Henao foi o último a sobrar e Contador partiu sozinho, em busca dos fugitivos, quando faltavam cerca de 50 quilômetros para a chegada.
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— Paris-Nice (@ParisNice) 12 de março de 2017
Tudo caminhava bem e logo a diferença entre Contador e o pelotão estava em 50 segundos, diferença suficiente para a vitória do espanhol.
Atrás Henao contava com seu irmão Sebastián Henao e David Lopez que faziam o que conseguiam para não deixar a diferença subir ainda mais.
Após passar todos os fugitivos e fazer um pequeno grupo se reunir em sua roda, Contador forçou o ritmo no Col d’Eze, a última subida do dia e foi seguido por De la Cruz e Marc Soler. Enquanto isso, Sergio Henao assumia a perseguição com um grupo de grandes ciclistas em sua roda, incluindo Dan Martin (Quick-Step Floors) que poderia, também, tentar algo já que estava apenas à 30 seg. do líder na classificação geral.
A tarefa dos dois era difícil, Contador não contava com a ajuda de ninguém e ainda viu Soler atacar no final do Col d’Eze e atrás Henao que, além de ter que manter o ritmo do grupo, ainda precisava saltar nos ataques que surgiam. Apesar das dificuldades os dois protagonistas da etapa conseguiam seguir o programado e já na descida com 7 Km para o final, Contador, com a ajuda de De la Cruz que pensava na vitória buscaram Soler e, atrás, Pantano tentava perturbar a perseguição na qual Henao era o principal interessado.
Em um final emocionante, Contador por alguns metros se manteve sozinho na liderança, após um momento de estudos entre Soler e De la Cruz – caso tivesse vencido o espanhol teria ganho a PN – mas, logo depois, De la Cruz buscou Contador, veio em sua roda e nos metros finais partiu para a vitória que garantia 10 segundos de bonus de tempo. Contador conquistou a segunda posição, a frente de Soler, e bonificou-se com 6 segundos.
No entanto, o grupo perseguidor vinha com muito mais velocidade nos quilômetros finais e a diferença ao cruzar a linha foi de 21 segundos entre os dois protagonistas.
Henao, na contagem final, foi oficializado campeão geral da PN por apenas dois segundos, ele é o segundo colombiano a subir no topo do pódio da PN, o primeiro foi Carlos Betancur, em 2014. Em segundo ficou Contador e, em terceiro, Daniel Martin.
Resultados
Vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=XCq0hFSiRH0