Simon Yates (Michelton-Scott), pela primeira vez no edição 101 do Giro d’Itália, sobrou de seus adversários diretos. O sofrimento de Yates veio no final da décima oitava etapa, a primeira de 3 etapas de alta montanha que serão decisivas para classificação geral. A vitória da etapa ficou com o integrante da fuga do dia, o ciclista da Quick-Step Floors, o alemão Maximilian Schachmann, que conquistou sua primeira vitória em um Grand Tour.
Simon Yates permanece na liderança geral do Giro, mas sua vantagem sobre o holandês Tom Dumoulin (Sunweb) caiu pela metade.
A etapa parecia estar muito bem controlada pela Michelton-Scott e consequentemente por Yates. Com apenas uma subida, sendo ela no final da etapa, era evidente que muita coisa aconteceria nos últimos 5 quilômetros. E foi o que aconteceu. Vários ataques aconteceram no grupo principal, mas, corretamente, Yates e Nieve (que era seu único gregário nesse momento da prova), não se incomodaram, se tratavam de ataques de adversários que não representavam perigo para classificação geral.
O primeiro ataque realmente importante veio a pouco menos de 2 quilômetros para o final quando Dumoulin partiu levando Yates e Pozzovivo em sua roda. Aparentemente, pelas imagens da transmissão, não se via mais Chris Froome, parecia que era mais um dia de derrota para o ciclista da Sky, mas dessa vez foi diferente. Assim que Dumoulin desacelerou, já que estava com seus dois adversários “na roda”, Froome chegou, mas nem parou. Assim que chegou nos três, Yates começou a olhar para Dumoulin, como quem diz: “E aí?! Acabou?” e quase esbarrou com o forte ataque de Froome pelo seu lado direito. Foi aí que Yates começou a demonstrar que não estava nos seus melhores dias.
Veja o ataque de Froome:
Percebendo o movimento forte de Froome, Pozzovivo foi atrás, já que é um adversário direto para suas pretenções de estar no pódio ao final do Giro, Dumoulin foi em sua roda e, pela primeira vez, Yates sucumbiu e deixou claro que não poderia seguir os adversários.
Froome, Pozzovivo e Dumoulin começaram a abrir e, para sorte de Yates, Richard Carapaz (Movistar), que briga pela camisa de melhor jovem e estava perseguindo Miguel Angel Lopez que estava logo a frente, estava ali e começou a colocar um passo quase que “ajudando” Yates.
Poderia ajudar, mas Yates estava tão mal que tinha dificuldades para aguentar o ritmo que Carapaz impunha. Na frente, o trio (Froome, Pozzovivo e Dumoulin) alcançava o gregário de Froome, Poels, que estava aguardando para colocar o ritmo.
Poels levou e, logo depois de errar uma curva, Pozzovivo aumentou o ritmo e os três acabaram juntos. Yates acabou sobrando de Carapaz, mas teve a ajuda de Nieve, que o alcançou nos últimos metros e conseguiu fazer com que ele aumentasse um pouco o ritmo diminuindo um pouco suas perdas.
Yates acabou cruzando 28 segundo depois de Froome, Dumoulin e Pozzovivo e agora tem 28 segundos de vantagem para Dumoulin.
“Eu estava apenas cansado, é isso. Ainda faltam alguns dias. Eu vou me recuperar”, disse Yates após a chegada.
Amanhã o Giro chega aos Alpes e Yates terá que provar que realmente foi apenas um dia ruim.
Maximilian Schachmann venceu após ser um dos integrantes da fuga do dia, que saiu antes dos 20 km de prova. Na subida final, ele atacou o grupo e teve sempre a companhia do italiano Mattia Cattaneo (Androni) com quem travou uma grande batalha.
Nos últimos metros, a dupla foi alcançada pelo experiente Ruben Plaza (Israel Cycling Academy) que vinha perseguindo, os três acabaram subindo juntos o último quilômetro, mas sempre com Schachmann forçando o ritmo. A 300 metros do final, ele atacou e deixou os outros dois para trás. Ruben Plaza acabou conseguindo o segundo lugar e Cattaneo terminou em terceiro.
Veja o que disseram depois da etapa:
Yates: “Eu não tive as melhores pernas hoje, mas fiz o melhor que pude. Ainda estou na frente, então está tudo bem.”
Dumoulin: “Eu estava esperando até o momento e, a dois quilômetros de distância, tentei ver o que era possível”….”Yates respondeu ao meu primeiro ataque e, em seguida, Froome atacou. Eu consegui seguir e vi que Yates havia sobrado. Por isso foi muito bom, mas ainda temos dois dias difíceis pela frente.”
Pozzovivo: “Eu tinha que saltar no Froome imediatamente, então eu pensei “Vamos em frente”. Eu também queria pressionar a Maglia Rosa. Vi que que Yates estava ficando.”
Matt White (Diretor Técnico da Mitchelton-Scott): “Simon não mostrou qualquer sinal de fraqueza nos últimos 18 dias. Hoje a etapa se adequou aos caras que tem mais potência, com uma subida constante. Se Froome e Dumoulin precisavam colocar tempo em Simon, hoje era o dia. Nós temos dias mais difíceis pela frente, mas esperávamos os ataques. Algumas pessoas tem dias ruins e, obviamente, Simon não teve o melhor final hoje.
Froome: “Hoje foi um bom dia, mas é o primeiro de três etapas consecutivas que será muito difícil. Vimos pela primeira vez Simon não a 100 por cento. Isso me surpreendeu. Acho que agora estamos todos pensando em atacá-lo.”